MÁXIMAS E MÍNIMAS DO BARÃO DE ITARARÉ

- De onde menos se espera, daí é que não sai nada.
- Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.

- Quem empresta, adeus!

- Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.

- Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.

- Quando pobre come frango, um dos dois está doente.

- Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.

- Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.

- Quem só fala dos grandes pequeno fica.

- Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.

- Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. (Ge-gê: apelido de Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).

- Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.

- Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.

- O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.

- Os juros são o perfume do capital.

- Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.

- Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.

- O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.

- A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.

- Cobra é um animal careca com ondulação permanente.

- Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.

- Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.

- Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.

- É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.

- A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.

- Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.

- O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.

- Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.

- Mulher moderna calça as botas e bota as calças.

- A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.

- Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.

- A promissória é uma questão "de-vida". O pagamento é de morte.

- A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.

- Deus dá peneira a quem não tem farinha.

- Testamento de pobre se escreve na unha.

- Tempo é dinheiro. Vamos, então, fazer a experiência de pagar as nossas dívidas com o tempo.

- Precisa-se de uma boa datilógrafa. Se for boa mesmo, não precisa ser datilógrafa.

- O fígado faz muito mal à bebida.

- O casamento é uma tragédia em dois atos: um civil e um religioso.

- Com as crianças, é necessário ser psicólogo. Quando uma criança chora, é porque quer balas. Quando não chora, também.

- O menino, voltando do colégio, perguntou à mãe: "Mamãe, por que é que pagam o ordenado à professora, se somos nós que fazemos os deveres?"

- O feio da eleição é se perder.

- A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas, em geral, enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele.

- Com dinheiro à vista toda gente é benquista.

- Se você tem dívida, não se preocupe, porque as preocupações não pagam as dívidas. Nesse caso, o melhor é deixar que o credor se preocupe por você.

- Palavras cruzadas são a mais suave forma de loucura.

- A alma humana, como os bolsos da batina de padre, tem mistérios insondáveis.

- O homem cumprimentou o outro no café: "Creio que nós fomos apresentados na casa do Olavo." "Não me recordo." "Pois tenho certeza. Faz um mês, mais ou menos." "Como me reconheceu?" "Pelo guarda-chuva." "Mas nessa época eu não tinha guarda-chuva." "Realmente, mas eu tinha!"

- O homem é um animal que pensa; a mulher, um animal que pensa o contrário. O homem é uma máquina que fala; a mulher é uma máquina que dá o que falar.

- O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.

- O mal alheio pesa como um cabelo.

- A solidez de um negócio se mede pelo seu lucro líquido.

- Que faz o peixe, afinal? - Nada.

- A sombra do branco é igual a do preto.



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Aparício Torelly, o "Barão de Itararé", que também usou o pseudônimo de "Apporelly", era gaúcho de Rio Grande, nascido em 29/01/1895. Estudou medicina, sem chegar a terminar o curso. Já era conhecido quando veio para o Rio fazer parte do jornal O Globo, e depois do A Manhã, de Mário Rodrigues, um temido e desabusado panfletário. Logo depois lançou um jornal autônomo, com o nome de "A Manha". Teve tanto sucesso que seu jornal sobreviveu ao que parodiava. Editou, também, o "Almanhaque" o Almanaque d'A Manha". Faleceu no Rio de Janeiro em 27/11/1971. O "herói de dois séculos", como se intitulava, é um dos maiores nomes do humorismo nacional. Extraído de "Máximas e Mínimas do Barão de Itararé", Distribuidora Record de Serviços de Imprensa - Rio de Janeiro, 1985, págs. 27 e 28, coletânea organizada por Afonso Félix de Souza.

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